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Uma nuvem de amor e fé

  • Heytor Gonçalves
  • 9 de ago. de 2016
  • 2 min de leitura

A os 7 anos, Lucas recebeu o diagnóstico de uma doença degenerativa chamada amiotrofia espinhal infantil. Tecnicamente, todos os nervos que levam os comandos do cérebro para os órgãos vão se atrofiando e morrendo. Hoje, com 24 anos, Lucas não consegue se mover nem falar, mas já escreveu um livro, participa do coral da Igreja Presbiteriana de Itacibá e quer cursar biologia.

Há 1 7 anos Lucas respira graças a um aparelho ligado a traquéia, o que isola suas cordas vocais e impede-o de falar. Por isso, ele e Thana Gorsman, sua mãe, desenvolveram uma linguagem muito específica: Ele chama a atenção estalando a língua quando quer dizer algo, e ela soletra o alfabeto até ele responder com a sobrancelha, adicionando assim letra por letra Uma nuvem de amor e fé nas frases que ele quer formar. Nesse ritmo, construíram juntos um livro sobre sua história de vida.

Uma Nuvem no Deserto conta, em suas 11 9 páginas, as lutas, as conquistas, as felicidades que Lucas e sua família viveram ao longo de 24 anos. A história do rapaz que, segundo os médicos, não passaria dos 1 0 anos, mas já está há 1 4 superando as expectativas, é acima de tudo um manifesto de fé.

Mesmo numa cama, Lucas cursou o ensino fundamental e médio graças ao atendimento dos professores domiciliares da APAE. Concluído os estudos, prestou o ENEM em casa e acertou 45% da prova. Agora, ele sente vontade de cursar Biologia, mas não encontra nenhuma instituição que atenda seu caso tão específico. A mãe conta que o filho se sente meio entediado sem os estudos e gostaria de vê-lo cursando algo novamente. “Já pensei em recomeçar todas as séries novamente”.

Lucas adora quando lêem livros para ele, principalmente se forem recheados de aventura como as literaturas do francês Júlio Verne. Seus filmes preferidos são os de ação, por mais que algumas cenas precisem ser descritas para ele, já que a amiotrofia prejudicou também seu nervo óptico.

Além disso, Lucas se diz um missionário. É que o valor arrecadado nas vendas de seu livro é direcionado para as missões de filantropia e evangelização da Igreja Presbiteriana de Itacibá. No templo, ele participa do coral, e mesmo que não emita sons com a boca, Thanan conta que ele canta com a alma. Quando questionado sobre felicidade, Lucas responde com um gesto mudo, mas que diz muito: um grande sorriso.


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