Saúde pública e investimento no turismo são preocupações para os vila-velhenses
- Da Redação
- 10 de ago. de 2016
- 3 min de leitura

Segundo uma pesquisa da Datafolha, 34% dos brasileiros encabeçaram pela primeira vez a corrupção como maior problema do país, seguido da saúde (1 6%), desemprego (1 0%), educação (8%), violência e segurança pública (8%), economia (5%), governantes e política (3%), inflação (3%), e fome e miséria (2%), entre outros itens.Segundo o procurador da República Deltan Dallagnol aproximadamente R$200 bilhões são desviados anualmente dos cofres públicos devido a corrupção.

O desvio dessa quantia, somada ao descaso do poder público, é refletida na precariedade dos serviços básicos para a população. A equipe do Folha Notícias ouviu alguns moradores da cidade e em sua maioria, os entrevistados sentiram um grande déficit na qualidade dos serviços de saúde da cidade. Sônia Maria, 63, aposentada, conta que a dois anos descobriu uma complicação em um dos olhos, e de seis em seis meses tenta marcar uma consulta com um oftalmologista pelo SUS, mas até hoje não obteve sucesso. “Vou acabar perdendo a minha vista” desabafa. Ela reclama que, apesar de pagar o INSS a vida inteira, não consegue ter acesso ao serviço nos postos de saúde. Além disso, Sônia não consegue pagar uma consulta com um médico particular. Só a aposentadoria não é o suficiente para sobreviver, levando-a trabalhar numa barraquinha de água-de-coco em frente à prefeitura.

Já o taxista Marco Antônio,49, observa que Vila Velha desenvolveria mais se fosse aproveitado seu potencial turístico. Ele conta que os turistas que utilizam seus serviços de transporte relatam da falta de estrutura da cidade para receber os visitantes. Segundo ele, um bom turismo requer uma boa educação (para gerar mão-de-obra qualificada) e uma boa saúde (para atender os visitantes), que por si só já trariam benefícios para a população. A partir daí a cidade teria um desenvolvimento econômico através do comércio, o que melhoraria a qualidade de vida de seus moradores. Após um suspiro, ele desabafa: “Não vejo a economia funcionar para que saiamos desse marasmo”.

O ex-prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga, concorda com o ponto de vista de Marco Antônio. Ele declara que o desenvolvimento do potencial turístico da cidade pode trazer uma série de benefícios, mas para isso é necessário estimular a iniciativa privada no município. Segundo ele, a atração de investidores para a cidade desencadeia uma geração de renda maior para os cofres públicos, possibilitando o investimento em serviços para a população, além da geração de empregos que pode auxiliar até na mobilidade urbana. Ele explica que, como muitos moradores de Vila Velha trabalham na Serra e na capital, devido a pouca geração de emprego no município, logo a terceira ponte fica interditada na parte da manhã no sentido Vila Velha – Vitória, e de noite no sentido oposto.
Sobre a corrupção, Neucimar declara que este é um mal que surge de dentro da sociedade e vai para dentro da política. Ele relata que as verbas desviadas pelos esquemas de corrupção resultam na carência da qualidade dos serviços públicos, causando uma revolta na população. Quando o assunto é a relação do governante com a corrupção, o ex-prefeito relata que é hora dos dirigentes entenderem que esse é o momento para romper laços com relações promiscuas tanto com o setor público quanto o privado.

Já o sociólogo Vanderlei Cristo Mendonça observa que o contingente populacional de Vila Velha vem crescendo significativamente nos últimos anos sem que a estrutura do serviço público municipal tenha acompanhado esse ritmo de crescimento, o resultado é a contínua percepção por parte dos moradores que a qualidade do serviço está cada vez pior, o que tende a se agravar ainda mais se nada for feito. "Vale destacar que quando coordenei o Censo do IBGE de 201 0, Vila Velha ainda tinha a maior população do Estado, mas foi ultrapassada por Serra dada a sua política de atração de investimentos nos mais variados setores, em especial a construção civil, o que contribui para o crescimento populacional."
Procuramos a assessoria do atual prefeito, Rodney Miranda, para contarmos com sua opinião sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição não tivemos retorno.
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