Crise na segurança: deputados entram em campo para acordo
- Adelar Dias Junior
- 8 de fev. de 2017
- 3 min de leitura

Diante do caos instalado, deputados intermediam acordo para acabar com bloqueio que já dura cinco dias
Com cinco dias de aquartelamento da Polícia Militar no Espírito Santo, o caos que tomou conta de estado provocou uma verdadeira onda de pânico na população, refém da bandidagem. Sem patrulhamento desde a noite de sexta-feira (3), o terror dominou as cidades, principalmente a Região Metropolitana. Arrombamentos, assaltos, assassinatos, arrastões deixam a população impotente. Nem o Exército e Força Nacional conseguiram trazer segurança aos moradores que acordaram nessa quarta-feira (8) sem transporte coletivo, e com vários postos de saúde fechados.
Numa tentativa de resolver a situação uma comissão de deputados se reuniu ontem (7) com representantes das associações de praças e oficiais da Polícia Militar do Espírito Santo, para alinhavar um acordo, para que terminem as manifestações dos familiares dos policiais, que impedem, a saída das viaturas dos quartéis, impedindo o policiamento ostensivo.
Na reunião, realizada na Presidência da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, com a participação do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), Homero Junger Mafra, ficou acordado que os representantes das entidades representativas iriam aos quarteis convencer seus familiares a abandonarem o movimento de bloqueio, e em contrapartida os deputados assumem a defesa de não punição dos policiais, que não saíram às ruas nos últimos dias.
Como reflexo já dessa reunião, um encontro do comando geral da Polícia Militar com representantes dos familiares dos policiais militares selou um acordo para a retirada dos bloqueios nos quarteis, mediante o compromisso de não punição dos PMs e de abertura de um canal de comunicação com o Governo, já estando, de acordo com a ata da reunião, marcada uma reunião no Palácio da Fonte Grande, sede administrativa do Poder Executivo.
Só nos resta saber a posição do governador Paulo Hartung, que conhecidamente não é de ceder à manifestações e pressões. A situação é emergencial e o estrago na imagem do estado já é enorme, com milhares de turistas deixando o Estado em pleno verão e próximo ao carnaval, um prejuízo enorme que pode deixar o governador mais propenso a um acordo que agrade os militares e seus parentes.
Entenda o que está acontecendo
Buscando reajuste salarial e melhores condições de trabalho para os policiais militares, familiares e amigos levantaram o movimento que bloqueou os quarteis, impedindo a saída das viaturas e militares na Grande Vitória e interior. Sem patrulhamento, a bandidagem tomou conta impondo, até agora, cinco dias de pânico aos capixabas.
Juntando a falta de habilidade do governo em negociar, representado pelo Secretário André Garcia, que simplesmente fechou qualquer possibilidade de negociação antes do fim do movimento, e a intransigência dos manifestantes, que não permitiram nem o mínimo para a segurança pública, o Estado teve um aumento exponencial da criminalidade, sobretudo na Capital, com mais de 70 homicídios no estado em três dias (os números informados são imprecisos), além de saques, assaltos, roubo de carros, arrombamentos e muito mais. Vitória se transformou numa cidade sem lei.
A atual situação da PM no Espírito Santo chegou a esse ponto por uma série de políticas equivocadas, implementadas pelo Governo do Estado, que sob a ótica da crise e na tentativa de manter as contas em dias, cortou obrigações para o bom funcionamento das instituições. Não há investimentos nas áreas fundamentas para a sociedade, e todo o funcionalismo público, inclusive os militares, não tem qualquer tipo de reposição salaria há pelo menos três anos. Antes mesmo do congelamento, o funcionalismo já vinha sofrendo com a achatamento salarial, pois as reposições eram sistematicamente abaixo da inflação, desrespeitando a constituição, que garante essa correção à todo trabalhador. O equipamento da PM está sucateado e até coletes antibalísticos tem de ser revesado pelos policias, tornando mais insegura ainda qualquer ação de combate ao crime.
Diante do quadro de penúria da corporação, familiares e amigos dos policiais deflagraram o movimento que impediu a saída dos militares dos quartéis e transformou o Espírito Santo em Terra de ninguém.
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